Mineira, guerreira, sabiá.
São muitos os adjetivos criados pelos compositores para definir Clara Nunes. Em 2013 completam-se 30 anos de sua morte e, entre homenagens sinceras (mesmo que bastante criticadas pelos puristas e fãs mais exigentes) de crias interpretativas de Clara, como Fabiana Cozza, Mariene de Castro e Carla Visi, esse texto pode parecer atrasado.
Mas, por alguma coincidência Clara é uma cantora que voltou a tocar com frequencia aqui em casa. Sua discografia traça uma parábola ascendente que em nenhum momento (até por sua morte trágica e repentina) ameaçou a curva de descida.
Clara começou nos anos 60 como cantora romântica, talvez navegando nas águas do sucesso de Altemar Dutra. Mas já em seu segundo disco atingiu o sucesso nacional com um samba inédito de Ataulfo Alves e Carlos Imperial, "Você passa eu acho graça". Era 1968 e a partir daí Clara marcou seu nome a ferro e fogo na história do samba, da música brasileira e tornou-se uma cantora divisora de águas. Foi Clara a primeira artista a romper com um tabu existentes nas gravadoras nacionais de que mulheres não vendiam muitos discos. O seu sucesso foi tamanho que motivou outras gravadoras a investirem em suas sambistas, tendo a Tapecar trazido Beth Carvalho (que já era muito famosa por seu grande sucesso "Andanças") para o mundo do samba, e a Philips revelado Alcione, tudo para concorrer com o sucesso de Clara na Odeon.
Ê baiana, Tristeza pé no chão, Conto de areia, O mar serenou, Canto das três raças, As forças da natureza, Guerreira, Morena de Angola, Portela na avenida, Nação, são apenas os nomes de alguns grandes sucessos de Clara Nunes. Mas cada um de seus 15 discos solo lançados em vida é um rosário de gravações brilhantes, fundamentais, exemplares. Clara era uma AULA de canto, de interpretação, de voz, de intenções.
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